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30/06/2014

Ele se foi


Então ele se foi, sem um adeus, sem despedidas. Eu sabia que não era necessário, nós sabíamos. Tudo estava desgastado demais para nos preocuparmos com sutilezas. Ele apenas levantou da mesa em que estávamos tomando o nosso rotineiro café, pegou suas chaves do carro, me deu um beijo na testa e seguiu andando. Não gritou, não bateu a porta e não saiu furioso. Isso já acontecera “trocentas” vezes, talvez estivéssemos cansados de repetir o mesmo dilema.

Mais que nunca, eu senti um lado da cama vazio. Não apenas a cama, como também meu coração. Não, eu não estava sentindo remorso ou culpa. Eu apenas não sentia absolutamente nada. Não sobrou nada. Não sei onde nos perdemos. Não sei em que esquina soltamos nossas mãos e nos deixamos vagar por aí. Apenas não nos encontramos mais. Tudo ficou claro e nítido: Ele não era mais meu, assim como eu deixei de ser dele. E pela primeira vez não berramos feito dois loucos. Passamos a entender que não havia mais jeito para nós dois.

O nosso amor virou poeira, e como poeira, se deixou espalhar e perder por aí. Ele se foi, levando tudo que sentimos um dia e jogando em um canto qualquer por aí. Fazia tempo que deixou de ser legal. Toda a nossa história estava acabando sem o tal “final feliz”. Mas diferente do que eu achei que seria, nosso final não foi doloroso. Nós tivemos a coragem de assumir que o amor morreu, e entendemos que as vezes a vida engana.

Talvez o amor tenha ido embora junto com as borboletas que habitavam meu estômago. Ou talvez ele tenha ido embora quando não mais fizemos questão de nos dar as mãos. Ou quando o "Eu te amo" se tornou uma frase ensaiada e sem sentido. Ou até mesmo quando ele deixou de ser dito. Não importa quando e como ele foi embora, ele simplesmente se foi.

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